terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

CARNAVAL E SABEDORIA

O carnaval chegou! Calma meus/minhas alunos/alunas não adiantei o calendário, tampouco estou com minha noção de tempo avariada. O que ocorre é que nosso estado começa a respirar os ares do carnaval após as festividades de final de ano, permanecendo nos pulmões da coletividade até o desfile das campeãs, quando não esticam até a semana santa.

Atualmente, há uma tentativa de retomada do carnaval de rua com um grande calendário de blocos em todo estado, entretanto a vontade da população de participa da festa esbarra na questão da segurança(ou insegurança?) pública. O medo de bala perdida, que, infelizmente, sempre encontra alguém, a ausência do estado nas comunidades e a presença efetiva dos traficantes e milicianos, ambos bandidos travestidos de Robin Hood dos morros, causam um clima de total insegurança na sociedade, comprometendo a festa mais famosa do planeta.

Infelizmente não temos como abandonar a análise acima, mas podemos (e devemos) retirar boas lições do carnaval e para isso temos a colaboração histórica dos sambas-enredos, a aquarela brasileira de Silas de Oliveira no carnaval do Império Serrano de 1964(“O asfalto como passarela será a tela do Brasil em forma de aquarela...) . O gosto popular não esquece o bumbum paticumbum prugurundum também do Império Serrano de 1982(“Enfeitei meu coração de confete e serpentina...”), o é hoje da União da Ilha de 1982(“Diga espelho meu se há avenida alguém mais feliz que eu...”), os sertões da Em cima da hora de 1976(Sertanejo é forte supera a miséria sem, sertanejo homem forte dizia o poeta assim...), a Kizomba, Festa da Raça do Martinho e da Vila no Carnaval de 1988(“Vem a Lua de Luanda para iluminar a rua, nossa sede é nossa sede de que o Apartheid se destrua...”), a homenagem ao mestre em Caymmi mostra ao mundo o que a Bahia e a Mangueira têm da Verde Rosa em 1986(“Tem xinxim e acarajé, tamborim e samba no pé...”), o Peguei um Ita no Norte do Salgueiro em 1993 (“Explode coração na maior felicidade, é lindo meu Salgueiro contagiando, sacudindo essa cidade...”), os Contos de Areia da minha querida Portela que embalou o carnaval de 1984 e homenageou Claras Nunes, Paulo da Portela e Natal(“Jogo feito, banca forte, qual foi o bicho que deu? Deu águia símbolo da sorte, pois vinte vezes venceu...”) . Enfim, são vários os sambas-enredos que merecem homenagens pela qualidade e pelos temas ao longo dos anos.

Este ano merecem destaque o da Portela que fala do amor - E por falar em amor, onde anda você? e da Beija Flor que coloca o banho na avenida No Chuveiro da Alegria, Quem Banha o Corpo, Lava a Alma na Folia.

O samba enredo da Beija Flor trata do banho, trazendo para avenida a origem do mesmo, bem como o valor dado ao banho durante os anos, ressaltando ainda a influência da cultura indígena, que trouxe para o nosso cotidiano o hábito do banho diário. É alunos/alunas, o banho nosso de cada dia é e sempre foi costume dos índios, como destacado no samba-enredo:
As águas rolaram e as mentes lavaram.
Clareou! O índio ensinou, o banho voltou
E o mundo se purificou

A Portela colocará o amor na avenida no segundo dia (23/02/2009 – segunda-feira), a escola de Madureira além de citar provar de amor conhecidas, como a construção do palácio Taj Mahal na Índia, ordenada pelo imperador Shah Jahan(“o Rei do mundo”) em homenagem a sua esposa preferida Mumtaz Mahal(“a eleita do palácio”), que faleceu durante o parto do 14.º filho do imperador, a Portela faz um alerta sobre o amor na família e sobre a utilização racional do conhecimento:

Cenas de cinema, lindos temas de amor
A união da família, momentos que o vento levou
O homem tem que usar a consciência,
As maravilhas da ciência
Para viver em harmonia


Os sambas-enredos são exemplos de sabedoria vivos na nossa memória, mas a sabedoria que deve reinar no carnaval é a nossa, afastando-se das drogas, do consumo exagerado de álcool e do sexo sem prevenção. São quatro dias que podem mudar todos os outros dias de sua vida.
Carnaval e responsabilidade, o casamento perfeito.

Bom carnaval.

Lembrem-se: diversão e prevenção andam juntas.